quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

(Im)permanência


Inscrevo [/me/te] no rasar do solo e no cheiro a terra revolta e vísceras espraiadas ao sol radioso de um dia inscrito num sorriso – invisível – matinal perfurado o éter e percorrida a distância.
Ou percorro [te] as coxas bem feitas e quentes a implorarem o toque, a pele acetinada e macia eriçada de desejo implícito, os olhos em contraluz iluminando crepúsculos e adivinhando o voo rasante das aves…

[Lobriga-se na penumbra a entre-abertura das pernas por entre lençóis. Adiado é o tacto. Na (im) permanência]

Ou sorvo [te] em pequenos goles o travo agridoce dos [teus] lábios. Como marés. Tempestuosas. E é nessa espuma dos dias – estilhaçada de encontro a muralhas imaginárias –, que [te] encontro no adiado de um sábado à tarde. Quando a noite se põe e o dia é a resultante de uma estranha intercepção entre vários pontos de horas, e estas são apenas somatórios de momentos. Em que os corpos se tocam. E possuem.