segunda-feira, 3 de março de 2008

Sobre a Ordem do Templo


Omnipresença

Os Templários estão omnipresentes nosso mais profundo subconsciente, e continuam a ser uma fonte inesgotável de perguntas sem resposta; possuidores de um enorme conhecimento e de uma fabulosa riqueza nunca descoberta, os Cavaleiros de Cristo controlaram reis e papas. Porém, após a morte do seu último mestre, Jacques de Molay, muitas pessoas vaticinaram-lhe o fim. Corresponde esta conclusão à verdade?! – Quero crer que não. Na realidade transformaram-se numa série de outras ordens, como já mencionei numa abordagem anterior; no caso concreto de Portugal, D. Dinis criou a Ordem de Calatrava exactamente para obstar ao seu desaparecimento.
De Ordem Medieval, a enigma aparentemente insolúvel, passando por teorias conspiratórias, os Templários continuam a ser objecto de estudo e de mitos de cariz popular.
Sob a divisa “Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam”, os membros desta Ordem começaram por percorrer os caminhos da terra santa com o intuito, diz-se, de promover a palavra de Cristo, espalhando a fé, tornando-se no sentido literal, guardiães dos dogmas que a caracterizavam.


Sobre a Ordem:

No início de 1100, Hugo de Paynes e mais oito cavaleiros franceses, possuídos pelo fervor religioso e movidos pelo espírito de aventura tão comum aos nobres, abalaram rumo à Palestina levando no peito a cruz de Cristo e na alma um sonho de amor. Eram os Gouvains do Cristianismo, que se constituíam fiadores da fé, disputando as relíquias sagradas que os fanáticos do Crescente retinham e profanavam. Reinava em Jerusalém Balduíno II que os acolheu e lhes destinou um velho palácio junto ao planalto do Monte Moriah, lugar onde os montões de escombros assinalavam as ruínas de um grande Templo. Seriam as ruínas do Grande Templo de Salomão, o mais famoso santuário do XI século antes de Cristo?! Destruído pelos caldeus e reconstruído por Zorobabel, fora ampliado por Herodes em 18 antes de Cristo e, finalmente, arrasado pelas legiões romanas chefiadas por Tito, aquando da conquista de Jerusalém.

TETRAGRAMA YOD

Conta-se que quando Hugo de Paynes entrou pela primeira vez com os seus companheiros dentro do velho Palácio se depararam, junto aos degraus do trono e sobre um altar de alabastro, com a "LEI", cuja cópia, séculos mais tarde, um Cavaleiro Templário em Portugal, devia revelar à hora da morte, no momento preciso em que na Borgonha e na Toscânia se descobriam os cofres contendo os documentos secretos que "comprovavam" a heresia dos Templários. A "Lei Sagrada" era a verdade de Jahveh transmitida ao patriarca Abraão. A par da Verdade divina vinha depois a revelação Teosófica e Teogâmica: a KABBALAH. Extasiados diante da majestade severa dos símbolos, os nove cavaleiros, futuros Templários, ajoelharam e elevaram os olhos ao alto. Na sua frente, o grande Triângulo, tendo ao centro a inicial do princípio gerador, espírito animador de todas as coisas e símbolo da regeneração humana, parecia convidá-los à reflexão sobre o significado profundo que irradia dos seus ângulos. Ele é o emblema da Força Criadora e da Matéria Cósmica.

EACUTE
A Tríade que representa a Alma Solar, a Alma do Mundo e a Vida, é a Unidade Perfeita. Um raio de Luz intensa ilumina então aqueles espíritos obcecados pela ideia da luta, devotados à supressão da vida de seres humanos que não comungam os mesmos princípios religiosos que os levou à Terra Santa. Ali estão representadas as Trinta e Duas Vidas da Sabedoria que a Kabbalah exprime em fórmulas herméticas, e que a Sepher Jetzira propõe ao entendimento humano. Simbolizando o Absoluto, o Triângulo representa o Infinito, Corpo, Alma, e Espírito.

Fogo Luz e Vida.

Uma nova concepção que pouco a pouco dilui e destrói a teoria exclusivista da discriminação das divindades apossa-se daqueles espíritos até então mergulhados em ódios religiosos convidando-os à tolerância, ao amor e à fraternidade entre todos os seres humanos. A teosofia da Kabbalah exposta sobre o altar de alabastro onde os iniciados prestavam juramento dá aos Cavaleiros de Cristo a chave interpretativa das figuras que adornam as paredes do Templo. Na mudez estática daqueles símbolos há uma alma que palpita e convida ao recolhimento. Abalados na sua crença de um Deus feroz e sanguinário, os futuros Templários entreolham-se e perguntam-se: "se todos os seres humanos provêm de Deus que os fez à sua imagem e semelhança, como entender que os homens se matem mutua e alegremente em nome desse Deus criador? Onde está afinal a verdade?"

A não sujeição à hierarquia da Igreja:

A divisa inscrita no estandarte negro da Ordem "Non nobis, Domine, sed nomini tuo ad Gloria" não era uma sujeição à Igreja mas uma referência inicial, sugerindo que o centro do Triângulo simbolizava a unidade perfeita. Cavaleiros francos, normandos, germânicos, portugueses e italianos acudiram a engrossar as fileiras da Ordem que dentro em pouco se convertia na mais poderosa do século XII. Mas a Ordem tornara-se tão opulenta de riquezas, tão influente nos domínios da cristandade que o Rei de França Felipe o Belo exigiu ao Papa para expedir uma Bula confiscando todas as suas riquezas e enviar os seus Cavaleiros para as "Santas" fogueiras da Inquisição. Felipe estava atento. E não o preocupava as interpretações heréticas, o gnosticismo. Não foram portanto, a mistagogia que geraram a cólera do Rei de França e deram causa ao monstruoso processo contra os Templários. Foi a rapacidade de um monarca falido para quem a religião era um meio e a riqueza um fim, as razões da sua perseguição e posterior desaparecimento. Malograda a posse da Palestina pelos Cruzados, pelo retraimento da Europa Cristã e pela supremacia dos turcos muçulmanos, os Templários regressam ao Ocidente aureolados pela glória obtidas nas batalhas de Ascalão, Tiberíade e Mansorah. Essas batalhas, se não consolidaram o domínio dos Cristãos na Terra Santa, provocaram, contudo, a admiração das aguerridas hostes do Islão, influindo sobre a moral dos Mouros que ocupavam parte da Espanha. Inicia-se, entre os Templários, o culto de um gnosticismo eclético que admite e harmoniza os princípios de várias religiões, conciliando o politeísmo na sua essência com os mistérios mais profundos do cristianismo. São instituídas regras iniciáticas que se estendem por sete graus e que vieram a ser adoptados pela Franco-maçonaria Universal. "A Gnose é a firme compreensão da Verdade Universal que, por meio de razões invariáveis nos leva ao conhecimento da Causa..." "Não é a Fé, mas sim a Fé unida às Ciências, a que sabe discernir a verdadeira da falsa doutrina. Fiéis são os que apenas literalmente crêem nas escrituras. Gnósticos, são os que, aprofundando o sentido interior, conhecem a verdade inteira.”
"Só o Gnóstico é por essência, piedoso." "O homem não adquire a verdadeira sabedoria senão quando escuta os conselhos duma voz profética que lhe revela a maneira porque foi, é, e será tudo quanto existe." O Gnosticismo dos Templários é uma nova mística que ilumina os Evangelhos e os interpreta à Luz da Razão Humana. O Mestre Perfeito entra de olhos vendados, até chegar ao pedestal de Baphomet.
Será que Felipe o Belo conseguiu mesmo a destruição da Ordem, ou, ao invés, conferiu-lhe maior importância? Os cultos iniciáticos associados à Ordem manter-se-ão e serão o segredo da sobrevivência? A Ordem da Rosa será a herdeira de todo o conhecimento?
Ficam as perguntas. Por me ser tão caro, voltarei em breve a este tema.


Vale a pena espreitar AQUI. Para mais pormenores, consultar toda a informação disponibilizada pela minha querida amiga Maria do blog Divas & Contrabaixos