quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Repositorium (Democratizar pelo conhecimento)

A utilização da expressão “música antiga” para conceitos como “interpretação autêntica” ou “historicamente informada”, remonta a tempos recentes e poderia abranger (por exemplo) a execução da música para piano de Schumann em instrumentos da época, ou das sinfonias de Mahler usando os tipos de portamento preferidos pelos instrumentos de cordas do início do séc. XX.
Designamos por “música antiga”, não apenas a música de épocas remotas, mas também a atitude particular em relação à sua execução. Aplica-se por vezes à música da Idade Média e do Renascimento (até 1600, por vezes também à do período barroco (1750), e cada vez mais, até 1800, incluindo assim grande parte do período clássico.

Os Cancioneiros Musicais

Entre nós, e uma elite erudita mundial, o Cancioneiro de Elvas é de longe o mais conhecido, e foi, durante muito tempo, a base para o conhecimento da polifonia profana portuguesa do séc. XVI. Ao longo do último terço do séc. XV e da 1ª metade do séc. XVI Portugal foi um participante activo no desenvolvimento da canção polifónica profana. Contém 65 canções.
Um Cancioneiro é uma colecção de canções populares polifónicas e profanas, organizada com certa coerência, que geralmente recebe o nome de quem a organizou ou do lugar onde foi encontrada e compilada. Os villancicos (palavra que deseigna vilões) e romances que fazem parte dos cancioneiros possuem uma característica poético-provençal e luso-espanhola de caráter lírico ou épico.
Vale a pena ouvir um tema de Tomas Luis de Victoria, provavelmente o maior compositor espanhol renascentista.

Democracia, desenvolvimento e cultura

"A democracia é um método que assegura que não seremos governados melhor do que merecemos."
George Bernard Shaw
Afirmação que se tem mostrado verdadeira, como a história comprova. Para tanto basta uma passagem rápida pelos jornais. Importante é o movimento gerado na blogosfera que nos vai alertando para situações que democracia alguma deveria permitir.
Outras preocupações podem ser sentidas AQUI e AQUI sob a forma de um excelente texto.
Cultura e Desenvolvimento são indissociáveis, e se nenhum governo parece entender esta simples verdade, não sabe e/ou não quer exercer aquilo para que foi realmente eleito: democratizar pelo conhecimento, elevando os padrões de exigência dos cidadãos e dos próprios governantes. Agregar e estimular estudos vocacionados para a compreensão das complexas relações entre cultura, sociedade e desenvolvimento, incentivar a investigação nas múltiplas inter-relações entre desenvolvimento da sociedade e a cultura; determinar que a culturalidade surja como elemento essencial (e natural) para o desenvolvimento, acarinhando estudos sobre a formulação de valores, de políticas de preservação dos patrimónios e sub-patrimónios culturais, promovendo a disseminação, divulgação e consumo das artes nas suas variadíssimas vertentes, assegurando assim, de forma simples, o desenvolvimento necessário para uma vida com verdadeira qualidade.